Overdoce

Como é bom ser criança. Estava eu assistindo filme e logo depois que sai, fui comer algum lanche na praça de alimentação. Mas quando eu já estava indo embora, me deparei com uma banca de doces... Eu, naquele momento, não tinha mais meus quinze anos, me senti como uma criancinha de oito anos que não consegue se controlar ao ver algo tão belo que lhe enche os olhos.
Comprei, mas comprei muitos doces, principalmente aqueles com um açúcar azedinho que eu particularmente adoro. Depois de pagar e pegar o pacote com os doces, senti que estava com um tesouro em minhas mãos e que deveria lhes proteger com todas as forças que eu pude.
O caminho de volta para a casa foi os mais feliz possível. Ofereci doce para a minha prima, torcendo para que ela não quisesse, mas ela pegou; menos mal que depois de um tempo ela não quis mais. A cada doce que eu mastigava, eu conseguia me imaginar em um mundo coberto por açúcar. Comia, comia, comia com muito gosto, saboreando sempre casa pedacinho do doce, até ter que pegar mais um e a cada adoce que eu comia, me sentia com mais energia e com menos idade, queria sair correndo e berrando feito criança, mas foi melhor me controlar.
E como sempre, depois do sonho você acorda, os doces acabaram, o açúcar meio azedinho não está mais em meu dedo para que eu ainda possa sentir um pouco do doce, mas aquele princípio de overdose, quer dizer overdoce, eu ainda tenho em mim. Agora me pergunto: por que as pessoas preferem as drogas? Elas só nos fazem mau e não deixa nenhum gosto bom para ser saboreado, e ao contrário dos meus doces o que se tem é uma overdose e isso é quase suicídio. Mas tenho em mim que o mundo melhore. Também não posso me esquecer de que tenho que comprar mais doces, de preferência aqueles com açúcar azedinho por cima...