quarta-feira, 11 de maio de 2011

Abraço

Ainda lembro daquele abraço, daquele em que nenhum dos lados estava preparado para ceder, daquele em que nenhum dos atores de comédias queria transformar em uma tragédia, daquele que foi como o último suspiro de uma cena, a última lembrança de uma trajetória a dois.
Ainda sinto, de uma forma que eu não queria sentir, o calor dos teus braços sobre minhas costas, ainda sinto suas lágrimas caindo em não querer aquilo, ainda sinto você ao meu lado me falando quando estou sendo bobo ou quando estou sendo muito chato, ainda sinto você muito presente, ainda sinto você me abraçando, aquele abraço.
Queria poder voltar naquele momento e falar que ia ficar tudo bem, mas eu estaria mentindo, os dois sabiam que aquele abraço seria importante, os dois sabiam que aquelas lágrimas não seriam as de frequente felicidade, os dois sabiam da consequência.
Agora me pergunto: por que nunca estamos satisfeitos? Por que sempre queremos melhorar o perfeito? Por que sempre que ganhamos algo, perdemos em proporção? Por que a vida é tão injusta com as pessoas? Por que eu ainda lembro daquela cena todos os dias? Por que essas perguntas não têm reposta?

Um comentário:

  1. também queria saber o mesmo, por que sempre que ganhamos algo perdemos em proporção, às vezes até em proporção maior?
    Por que que muitas vezes um sentimento de alegria tem que ser seguido por momentos de tristeza e dor?
    Por que só nos damos conta da importância de algo quando a perdemos?
    Por que que quando queremos algo que nos é proibido, nos sentimos culpados e até revoltados?
    Por que um sorriso afetuoso às vezes nos transpassa feito adaga o coração?
    Por que nos sentimos as vezes imbecis, impotentes e infantis quando não conseguimos respostas para nossas indagações?

    __ Miguel Salazar __

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